Site com o Caminho por Braga

Ontem comecei a encontrar material que descreve o Caminho de Santiago passando por Braga. O melhor até agora é um site em espanhol que descreve o caminho de Salamanca (Espanha) até Santiago de Compostela, passando por Portugal. O Camino Torres (http://caminosantiago.usal.es/torres/) é em site em espanhol que descreve o percurso de 570 km percorrido por D. Diego de Torres Villarroel em 1737.

Esse caminho junta-se ao Caminho Português em Ponte de Lima (Portugal), exatamente como, até o momento, pretendo fazer. Já adicionei o endereço na página de links.

O site tem as informações que eu preciso para começar a planejar a jornada. Tem a descrição de cada trecho, com detalhes sobre as dificuldades, distâncias elevações, dicas, além de relatos de quem fez a peregrinação usando esse trajeto. Já tenho uma boa leitura até a chegada do guia do Caminho Português.

Guias de viagem

Antes de qualquer viagem, por menor e mais próxima que seja, fico horas lendo e pesquisando informações sobre o lugar, redondezas e, se não for de avião, o trajeto. Não poderia ser diferente no caso de uma caminhada como essa. Desde domingo venho buscando informações que possam me ajudar a planejar a realização do Caminho.

A maior dificuldade é encontrar informações sobre o trajeto que desejamos realizar: de Braga a Santiago de Compostela. A maior parte dos livros e guias disponíveis nas lojas online é relacionada ao caminho que parte do noroeste da França. Os guias relativos ao Caminho Português, em sua grande maioria, mostram o caminho que parte de Lisboa subindo em direção ao Porto e, de lá, para Santiago. Ainda não encontrei material impresso que forneça informações sobre o Caminho passando por Braga, apenas referências à possibilidade de o Caminho Português passar por lá. A cidade mais próxima que encontrei boas referências é Barcelos. O melhor material em pdf que encontrei, até o momento, está no endereço http://www.amigosdelcamino.com/attachments/article/143/Caminho%20central%20portugues.pdf.

Existe um bom material em blogs e sites de associações ligadas ao Caminho Português. Os que mais me chamaram a atenção, até agora, foram www.vialusitana.org/, com material muito bem organizado e boas referências, e www.caminhoportuguesdesantiago.com/PT/, com detalhes e conselhos ponto a ponto do trajeto. Em espanhol (e só em relação aos trechos dos Caminhos dentro da Galícia, Espanha) encontrei o endereço http://www.xacobeo.es/.

Por tudo que li até o momento, para partir de Braga, terei que fazer uma primeira jornada até Barcelos (22 km pela estrada) ou até  Ponte de Lima (30 km, mas com um dia a menos no total). De lá poderei seguir o Caminho Português conforme consta nos guias.

Preocupações

A proposta inicial era realizar o Caminho no primeiro semestre de 2014. Mas, conversando com minha esposa, achei melhor marcar para o segundo semestre. Um ano parece muito tempo de espera para uma viagem. Mas, quando a gente começa a ler relatos daqueles que já percorreram o Caminho, bate uma insegurança se o tempo será suficiente para tudo que é necessário. Num primeiro momento são duas as preocupações: preparo físico e dinheiro.

O primeiro começa a desaparecer quando lemos relatos. Parece ser unânime a opinião de que não é necessário ser um atleta para percorrer o caminho. Algum problema pode surgir para pessoas sedentárias. Ainda que eu não estivesse mantendo uma atividade física regular, nunca tive dificuldades em realizá-las e tenho prazer em caminhar. Em situações normais, uma caminhada de uma hora não me incomoda em absolutamente nada. Em viagens, passo o dia inteiro caminhando sem grande cansaço no fim do dia (só os pés reclamam).

O dinheiro pode até não ser um grande problema para os peregrinos europeus, já que os caminhantes conseguem hospedagem  em albergue e alimentação a preços módicos, mas para quem vive no continente americano, como eu, é preciso chegar ao Velho Mundo. Num primeiro calculo que fiz, bem rasteiro, só as passagens de ida e volta para Portugal vão consumir de 60% a 70% do orçamento. Isso porque existe voo direto Brasília-Lisboa pela TAP.

Mas logo chegam outras preocupações. Não vou simplesmente passar o dia andando. Vou passar o dia andando com uma mochila nas costas. O piso será irregular, com aclives e declives, sob sol e chuva, muito diferente do que terei condições de fazer em Brasília e trabalhando. Tenho que pensar no peso da mochila, o que levar e, principalmente o que NÃO levar. Ainda tem a língua, mesmo que o Português lusitano, o Galego e o Espanhol não pareçam um grande problema. Aí vem o pensamento no lugar desconhecido, nos trechos desabitados que iremos atravessar, na necessidade de adquirir um guia da região (que será difícil achar em livrarias no Brasil), na distância da família, no risco de contusão, alimentação, hidratação, clima...

Deve ser só a ansiedade diante da novidade. Deve diminuir ao longo do ano, das leituras e a medida em que for planejando alguns passos.

Primeiro dia

Esse espaço é uma espécie de diário. Comecei hoje, 5/11/2013, primeiro dia de treino para uma caminhada que deve ter algo em torno de 200 km entre as cidades de Braga (Portugal) e Santiago de Compostela (Espanha). A previsão é que a caminhada comece em outubro de 2014, mas ainda não há nada certo. É um propósito.

Como todo projeto, como toda viagem, essa aventura começa com a decisão. E isso aconteceu há dois dias. Partiu de um convite do meu pai, há alguma semanas. No começo era uma ideia só dele. Para mim, uma ideia meio maluca. De família Católica, mas nunca foi ligado a esse tipo de peregrinação. Eu, menos. Mas a semente foi lançada. Logo em seguida, uma coincidência. Um colega de trabalho lançou um livro que fala sobre a peregrinação que ele fez. Comprei um exemplar para meu pai e outro para mim. Aí veio a curiosidade.

Livro sobre o Caminho de Santiago, divulgado na semana em que recebi do meu pai a proposta de fazer a jornada.

Quando entreguei o livro ao meu pai veio uma nova informação. O livro fala do Caminho Francês, mais precisamente partindo de Saint-Jean-Pied-De-Port, sudoeste da França, aos pés dos Pirineus. Mas a rota que meu pai pretendia fazer era bem menor e mais significativa, ao menos para nós. Ele queria partir do norte de Portugal, passando pela cidade de Braga. E Braga é nosso sobrenome. Apesar de ser origem da nossa família, origem da qual conhecemos pouco, nunca estivemos lá.

Aí comecei a me perguntar: porque não fazer o Caminho? A semente começou a brotar. Num primeiro momento, o aspecto religioso foi o menos relevante. Era mais importante a oportunidade de estar com meu pai por um período longo, os benefícios que uma atividade física desse porte poderiam me trazer, a oportunidade de conhecer o interior de um outro país sem usar carro... Mas o que é isso se não "religião", religar a família, religar a origem, à terra, a Deus?

Como dá para perceber, esse também é um espaço de reflexões. Aliás, tudo li sobre os Caminhos de Santiago falam isso, mais que uma peregrinação, mais que um longa caminhada, mais do que uma experiência religiosa, o Caminho é um momento de refletir. Refletir sobre si, sobre a vida.

Aqui eu registrarei as leituras, treinamento, dúvidas, angustias e, se Deus quiser, a caminhada. Cada passo, cada avanço, cada percalço. O blog também será construído junto com a viagem. Atualmente, limpo, no modelo mais simples disponível, sem personalização. Depois... vamos ver no que dá. Espero perseverar nesses registros e no propósito.