sábado, 4 de abril de 2015

2° dia - Ponte de Lima a Rubiães

Quando chegamos ao albergue de Ponte de Lima, tínhamos a impressão de que, no segundo dia, seria quase impossível levantar e caminhar. Mas o sono foi verdadeiramente restaurador. As dores no corpo, que incomodavam na véspera, quase desapareceram.

Saímos do Albergue às 7h56, com 6°C, céu limpo e pouco vento. O segundo dia começa em uma trilha muito bonita, plana, entre pequenas propriedades rurais, beirando riachos e alguns canais utilizados para irrigação de parreiras. Depois de 2,5 km de caminhada suave, começam as subidas. No fim da primeira subida (curta) há uma placa indicando um lugar onde se pode tomar um bom café da manhã (de €3 a €5, e abre às 6h). Paramos para nos "abastecer".

A frente, o Caminho. À esquerda, o café da manhã.  


Depois dessa parada, mais subidas. Dalí (2,5 km de Ponte de Lima) até Codeçal, (a 8,5km do albergue) são sete pequenas subidas, bem íngremes, quase sempre margeando um rio com barragens, pequena cascatas e contornando uma serra. No vilarejo de Codeçal, a rota sai da estrada, exatamente onde há uma capela e um bar. É recomendável reabastecer-se de água, já que, logo depois, vem o trecho mais pesado do Caminho Português: a subida da Labruja.

Os cinco quilômetros seguintes são de subida constante. Sendo que o final é verdadeiramente desafiador. No início, as subidas são íngremes, mas razoáveis. Quanto mais se sobre, mais íngreme fica. Quase não há água no caminho (só encontramos uma fonte). No começo há casas ao redor. As últimas ficam numa subida longa e muito puxada, precedida de um pequeno (único) trecho em decida (como se o caminho dissesse: "esse é seu último refresco"). O que vem depois é pedreira.

Início da subida mais pesada
Começa um trecho de subidas muito íngremes, com muitas pedras, quase uma escalada. No fim de algumas dessas subidas passam rodovias estreitas e de terra que nos davam a ilusão de que a subida havia acabado. Aí aparece, a menos de dez metros de onde a subida termina, aparece uma setinha amarela, marota, mostrando uma curva à esquerda, indicando uma nova trilha que parece improvável e ainda mais íngreme. Essa cena se repetiu duas vezes. Parecia um dejavu, uma brincadeira de mau gosto. E as reações dos peregrinos eram as mais variadas.

Quando estávamos a uns cinquenta metros primeira das decepções, ainda sem saber o que nos esperava, reconhecemos o berro de um jovem português com quem conversamos no bar em Codeçal. Pelo berro, ficamos com a impressão que ele havia a atingido o topo da Labuja e gritava algo como "Ficou a Labuja!"

Imaginei que estávamos perto de terminar a subida. Já estava pensando: "nem é tão pesada assim". Ingenuidade minha. Foi só entrar na estrada, ver uma primeira seta no chão apontando para a direita e, logo a frente, menos de cinco metros depois, uma nova seta, quase apontando o céu, à esquerda, que nos pareceu que o grito do jovem português era algo menos polido, e mais raivoso.

Nas segunda vez que vimos a pegadinha da seta amarela, nossa reação foi uma gargalhada. Realmente parecia piada. Desistimos de ser "resistentes" e paramos para descansar. Água, frutas, rapadurinha... Minutos depois, vimos subindo um sobe um casal irlandês com seus dois filhos. Já havíamos os visto no início da subida e fiquei curioso com a idade deles, pois nos pareciam muito novos para uma trilha daquelas. Mas antes que pudéssemos perguntar, a criança mais nova, um menino, olhou para o lado, viu a seta marota e gritou um "oh, no" desolado. Seguramos o riso, que também era da nossa própria situação. Fazer o que? Continuamos a subida. Em tempo, as crianças tinham dez (um menino) e oito (uma menina).

A Labuja tem aproximadamente 460 m de altitude. De Ponte de Lima (praticamente nível do mar) até o km 9, sobe-se aproximadamente 140m. No km 11, chega-se a 210 km. Aí começa o trecho mais íngreme. Até o km 13, chegamos a 330m. E no último quilômetro sobre-se mais 130m, superando os 460 metros de altitude.


Mas tudo que sobe, desce. No alto da Labuja, o trecho plano não é grande. Logo começa um descida que merece cuidado. Muitas pedras, algumas soltas, e o chão escavado pela chuva. Depois de percorrer cerca de um quilômetro (descendo cerca de 100 m), o terreno dá um refresco para que sejam percorridos os últimos 4km, até o Albergue de Peregrinos de Rubiães. O trecho final não exige muito. Trilhas estreitas, sem muitos atrativos visuais.



Igreja de Rubiães, bem próxima ao albergue.
A construção no canto superior esquerdo da foto
(por trás da casa em primeiro plano) é o albergue. 




A trilha passa nos fundos do albergue.
Chegamos ao albergue cedo, pouco depois de meio-dia. O Sports Tracker marcou 19,13 km percorridos entre Ponte de Lima e o Albergue de Peregrinos de Rubiães, com uma duração de apenas 4 horas e 12 minutos, mas uma ascensão de 837 metros.

O simpático albergue de Rubiães é muito agradável. Nem sempre há alguém para atender. Mas nem por isso sente-se falta de algo. Banho quente, máquina de lavar roupa, cozinha, máquinas para comprar bebidas quentes e pequenos lanches. O pernoite custa € 5, e não há hora de fechar.

A cidadezinha não tem muita coisa. Na verdade parece mais uma vila muito espalhada pelas encostas, com muitas pequenas prioridades rurais e casas de pessoas que moram no Porto, Braga e Lisboa, e passam os feriados e fins de semana por lá devido à tranquilidade do lugar. Há um restaurante a uns 300 m do albergue que serve uma dezena de opções de menu peregrino cujos preços variam de €7 a €12. As porções são fartas. Há, também, um linda igreja em estilo românico a menos de 100m do albergue. Tivemos o resto da tarde e noite para descasar. O dia seguinte reservaria algumas surpresas, nem todas agradáveis.

Restaurante mais próximo do albergue.

A frente do albergue fica virada para a rodovia
Quinta com varal e área de serviço
Cozinha
Recepção
Sala de estar e refeições
Igrejinha de Rubiães

Roteiro do dia no Sport Tracker
Arquivos para GPS utilizado na caminhada nos formatos GPX e KML (fonte: Camino Torres).












Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário, colaboração ou pergunta.