
Saímos da porta do hotel
Albergaria da Sé às 6h45, com 14°C, sem vento, com o o céu parcialmente nublado. Nos dirigimos à Sé de Braga, que fica na mesma rua do hotel. Saímos pela rua de frente à Sé, e entrando em direção ao Campo da Vinha. Nas proximidades dessa grande praça, as setas começam aparecer. Ainda próximo ao centro, no início da Calçada Real, uma pequena divergência entre o que as setas indicavam, e os dados do GPS. Mas nada que nos tirasse do rumo. Após perceber a confusão, seguimos por uma rua paralela à calçada para evitar retornar e voltamos ao traçado planejado no km 2. A partir daí, seguimos por ruas de calçamento e asfalto, sem desvios até a Vila do Prado, sempre no meio de casas dos dois lados. Às 8h, próximo ao km 6, paramos para tomar o café da manhã numa boa padaria. Pouco depois, o primeiro ponto com uma paisagem mais bonita: a ponte sobre o rio Cávado, na entrada da Vila do Prado (km 7).
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Ponte sobre o rio Cávado, na entrada da Vila do Prado |
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Primeira pedra com vieira estilizada, na Vila do Prado. Ainda não era o marco oficial, mas já era uma novidade. |
Da Vila do Prado até o km 16, o caminho é quase todo asfaltado, com alguns trechos de calçamento e uma sequência de subidas relativamente leves. No fim desse trecho, é possível observar a torre medieval de Penegate, erguida no século XIV.

A partir daí, começam a aparecer trilhas. E uma subida bem razoável. Um elevação de aproximadamente 150 m num intervalo de menos de 2 km. O ponto mais alto, a Portela das Cabras, no km 19, tem mais de 300m de altitude, segundo o GPS do smartphone (um pouco impreciso). Nova pausa para um lanche. Depois começamos a descer até o primeiro albergue, o de São Pedro de Rubiães, no km 20, onde fizemos uma parada para carimbar nossas credenciais.
Não ficamos no albergue, mas o visitamos e fizemos fotos. Muito bem cuidado pela Junta (uma espécie de prefeitura do lugar). Àquela altura, estávamos fisicamente muito bem. Já havíamos percorrido quase 21 km e os 17 km para Ponte de Lima não nos pareciam complicados. Era pouco mais de meio dia e ainda haveria muito tempo até o por do sol. Descansamos alguns minutos e decidimos seguir até Ponte de Lima. Foi um erro! Eu não faria novamente.
Seguimos por uma área rural, com muitos trechos de calçamento, entre pequenas propriedades rurais. Em muitos desses pedaços há sinalização de que aquela é uma estrada milenar, a Via Romana número 19). No começo, duas faixas, uma vermelha e uma branca, pintadas próximas às setas amarelas. Depois, uma placa de madeira com os dizeres "Via XIX", ao lado de um desenho de uma biga romana.
O percurso daí em diante é bonito, mas há escassez de serviços, de comércio e de fontes para abastecimento de água. Por volta do km 28 inicia-se uma trilha de aproximadamente 400m em descida constante, até uma pequena cascata. Depois, dá-lhe subida. Essa é mais tranquila que a da Portela das Cabras, mas o calor a torna mais desgastante.




A essa hora, o cansaço já começa a castigar e as paradas são constantes, o que diminui o ritmo da caminhada. Depois do longo trecho de subida, seguimos por estradas e trilhas rurais, eventualmente cortadas por rodovias, em meio a parreirais e quase dentro de córregos. O calor de 28°C (parece pouco?) atrapalha bastante. A água estava acabando e a comida se resumia a frutas, que havíamos comprado em Braga, e barrinhas de rapadura, que se mostraram um coringa na viagem. Mas eis que surge sombra e água fresca, literalmente, depois de muito tempo sem nenhum mercado ou fonte de água, num intervalo de aproximadamente 10km desde Goães.



Os últimos, sete quilômetros foram bem cansativos. O sol seguia a castigar. O caminho passa próximo a rodovias, no meio de casa, com pequenas subidas e decidas. No km 33 passamos a caminhas pelo acostamento de uma rodovia bem movimentada. Andamos pouco menos de um quilômetro nessas condições, até a entrada de um clube de golf. O problema é que o trecho de estrada é perigoso e a sinalização na entrada do clube de golf era precária (só vimos uma placa do caminho romano e, nessa hora, o GPS ajudou muito). Daí em diante a sinalização apresenta falhas (ou os nossos olhos é que estavam cansados). Há uma última subida na área do clube de golf. Depois de lá, é só decida, o que é muito ruim em qualquer condição, mas principalmente se as pernas estão cansadas.
A chegada em Ponte de Lima foi uma alento. Não só por saber que naquela pequena cidade iriamos descansar, mas também porque é muito bonita. Integra bela arquitetura, uma orla muito bem cuidada e paisagem deslumbrante. Após atravessar a ponte velha, erguida pelos romanos (a parte da ponte que fica na margem direita ainda possui estrutura original), chegamos ao albergue.
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Entrada de Ponte de Lima |
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Travessia da ponte sobre o rio Lima. No fim da ponte, o Albergue. |
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Casarão onde fica o Albergue de Peregrinos de Ponte de Lima |
Chegamos às 17h10. O Sports Tracker marcou 38,24 km percorridos entre Braga e Ponte de Lima (inclui o desvio até o albergue de Goães, com aproximadamente 1 km somando ida e volta). Foram 10 horas de 21 minutos entre a partida e a chegada. Foi um alívio saber que esse era o trecho mais longo do nosso caminho. Mas estávamos arrependidos de ter caminhado tanto. Chegamos a achar que no dia seguinte teríamos dificuldade de levantar, tamanho o cansaço e as assaduras que ficaram nas pernas.
Em Ponte de Lima, ao menos três caminhos diferentes se unem. A maioria das pessoas que chegam à cidade percorre mais de 30km. Mas, saindo de Braga, não vale a pena percorrer tanto, já que há um bom albergue no meio do caminho.
Quanto ao albergue, segundo peregrinos experientes, é o melhor dali até Santiago. Custa € 5, abre às 17h (18h para os ciclistas) e fecha às 22h. Possui um banho quente (pelando) revigorante, lavanderia com máquina de lavar e secar (€ 3) e um belo jardim.
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Entrada do albergue. A seta amarela indica a direção de Santiago de Compostela e a azul, Fátima. |
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Dormitório. São três semelhantes a esse. Nos albergues seguintes, só havia beliches. |
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Cozinha |
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Lavanderia |
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Varal |
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Vista do nosso dormitório |
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Jardim |
Depois de um bom banho, e de lavar as roupas do dia, voltamos a atravessar a ponte e jantamos um excelente menu do peregrino, no Restaurante do Mercado. Custou € 7. Depois, uma leve caminhada de volta ao albergue (infelizmente, não era possível ir flutuando). Aí foi só descansar.
Também tivemos boas referências a respeito do Albergue da Juventude que existe em Ponte de Lima. Um peregrino francês nos informou que por € 10 ficou em um quarto duplo (havia poucos hóspedes) e teve café da manhã.
Roteiro do dia no Sport Tracker
Arquivos para GPS utilizado na caminhada nos formatos
GPX e
KML (fonte:
Camino Torres).
Ivan coloca fotos !!!
ResponderExcluirPor enquanto, estou colocando as fotos no Facebook. Quando eu voltar, no PC, vou ajeitar os posts com informações mais precisas e fotos.
ExcluirPromessa cumprida. Post atualizado. Nos próximos dias vou ajustar os outros posts.
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